A experiência do atendimento on-line
Dentre tantos desafios que a pandemia nos trouxe, o maior deles foi garantir que a “presença” que compunha as sessões realizadas em consultório também se mantivesse no campo virtual. Eu já atendia on-line antes, mas em quantidade bem menor, e migrar toda a agenda para esse formato foi bastante desafiador. Fiquei com dúvidas, não sabia se daria certo, se perderíamos vínculos, e me senti um tanto resistente à tal mudança.
Hoje, passado quase um ano desde o início dessa adaptação, digo que me surpreendi positivamente com o atendimento on-line. Percebi na prática que a essência da relação terapêutica se mantém, o vínculo estabelecido e o acolhimento não mudam, assim como as intervenções, a palavra, a escuta e a troca também permanecem.
É claro que precisei de alguns cuidados para que tudo corresse de forma segura e ética no ambiente virtual. Também foi preciso de uma boa dose de paciência de ambas as partes para as adaptações tecnológicas necessárias (o fone que não funcionava, a internet que oscilava, a câmera com pouca resolução) e para a falta de costume de alguns frente às telas. Porém, resolvida essa parte, tudo fluiu muito bem.
Agradeço a todos que caminharam comigo nesse processo coletivo de adaptação forçada. Psicólogo também é gente, e como gente, a pandemia me encheu de angústias também. Insisto em falar que terapia é via de mão dupla, e essa experiência foi a prova disso. Foram muitos os momentos em que comunguei as dores, os medo, os momentos de desesperança, a sensação de desamparo político e outros tantos lutos com meus consulentes. Compartilhamos o mesmo lugar e nos abraçamos através das telas, sentindo na pele o sofrimento do outro – porque o outro também sou eu.
E você, já fez terapia on-line?
Conte nos comentários como foi sua experiência!